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Eu e os trinta e poucos anos

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Em 2017 eu fiz 33. Não escrevi nada aqui não sei porque. Provavelmente a falta de tempo. Mas esses dias pensando na vida, na minha vida, resolvi escrever. Porque muita coisa mudou na minha vida depois dos 30. Nem tudo para melhor, mas de certa forma sinto que a passagem para os trinta me mostrou realmente o que é maturidade. Talvez aos 40 eu perceba que não era tão madura assim, mas por enquanto sigo pensando que sou mais madura que aos 20 e poucos de uma forma que não imaginava que seria.

O que sei é  que antes dos 30 eu me importava muito com o que as pessoas iriam pensar. Pensava nas opiniões do mundo ao meu respeito. O que vão pensar se eu largar meu emprego, que me dá certa estabilidade e paga as contas no fim do mês? O que vão pensar se eu não me casar, não tiver filhos? O que vão pensar se eu não trabalhar na minha área de formação? O que vão pensar se eu não viajar pra Europa como todo mundo faz? O que vão pensar se eu disser que não conheço a música do momento? Que não concordo com várias coisas que são senso comum por aí? Enfim, eu deixava de falar muito, deixava de fazer, não por falta de vontade, mas por achar que as pessoas ao meu redor não aprovariam certas atitudes. Achava que ir contra a multidão não era uma opção.

E foi quase aos 30 que comecei a entender que não era bem assim, que eu não precisava viver de acordo com molde algum. Com 29, um mês antes de me casar, fui demitida e saí da sala do meu ex-chefe sorrindo. Feliz porque era exatamente o que eu queria mas não tinha coragem de o fazer. Alguns dias depois um amigo me perguntou se não estava batendo um desespero por não ter mais um emprego. Eu olhei pra dentro de mim naquele momento e percebi que não, que eu estava bem, que não queria um emprego naquele momento. Não que eu não precisasse, eu ralei muito desde então pra pagar as contas, mas eu precisava investir um pouco em mim, em outros projetos que eu tinha há tempo, e que deram certo graças a Deus. Não vou dizer que foi fácil, não foi mesmo. Dizer não para várias boas propostas para voltar a trabalhar na mesma área não foi tranquilo. Mas tive que fazê-lo, sabia que não me faria feliz naquele momento. Percebi sorrisos amarelos, pré-julgamentos de pessoas que não me entendiam, que não sabiam porque eu deixava um bom salário-fixo para viver de trabalhos esporádicos. Nesse tempo me tornei uma cozinheira, uma das paixões da minha vida. Já cozinhava antes, mas agora me dediquei a testar receitas, aprender técnicas, conhecer melhor ingredientes e temperos. Trabalhei todo o ano de 2014 com culinária, e também aprendi a costurar, uma vontade antiga que surgira na infância ao ver minha avó e mãe costurando. Surgiu a oportunidade e eu me lancei.

Falando ainda de 2014, quantas mudanças. Já com 30, passei no mestrado em comunicação na Ufes e eu e Dhanner, agora meu marido, demos entrada na nossa casa. Sem emprego, sem estabilidade, mas com toda força e coragem que conquistamos em um primeiro ano de casamento com pouco dinheiro no bolso e muitos desafios. Em 2015 comecei a estudar e fiz uma pausa na culinária como fonte de renda para me dedicar de corpo e alma à minha pesquisa. Fiz amigos incríveis no mestrado. Li pra caramba. Viajei para congressos, publiquei e percebi o quanto estudar me fazia falta. Antes não tinha tempo, não tinha o foco que tenho agora. Em 2015 fiz outra coisa que já tinha vontade há tempos : raspei meu cabelo, abandonei a química que tirava meus cachos, algo que tinha vontade de fazer há tempo, mas não tinha coragem, mais uma vez tinha medo do que os outros iriam achar ou pensar. Esse medo não existe mais. Em 2016 veio a qualificação, mais congressos, mais publicações, mais maturidade acadêmica e a oportunidade de continuar com minha outra paixão, a cozinha. Comecei o curso de gastronomia, aprendi muita coisa nova, terminei minha pesquisa, tentei o doutorado, não passei, mas fiz minha parte, tinha que fazê-lo, valeu a experiência.

2017 chegou com novos desafios. Me tornei mestra em comunicação. Técnica em Gastronomia. Estagiei em um dos melhores restaurantes do estado. De novo, aprendi muito. Forneço comidinhas saudáveis para o negócio de uma amiga. Voltei pra publicidade fazendo o que sempre gostei de fazer, escrever e planejar. Sou redatora e faço planejamento de mídia digital. Nunca deixei de fazer na verdade, nesses 3 anos longe de agência fiz vários freelancers, mas agora faço de forma mais frequente. Também estou estudando para o doutorado, continuo meus testes culinários e dando continuidade ao meu canal de receitas no youtube, afinal o que me faz bem precisa ser compartilhado.

São 3 anos na casa dos 30. 3 anos casada com o homem que mais me entende nesse mundo, embora não me entenda por completo, porque nem eu me entendo. Ao longo desses 3 anos fiz um mestrado, um curso de modelagem e um curso de gastronomia. Fui fornecedora de inúmeras festas, de aniversários a casamentos. Viajei para dois países da América do Sul, e já tô com mais um engatilhado. Conheci várias cidades do Brasil, a lazer com o Dhanner e em congressos com amigos do mestrado. Vi minha irmã se tornar uma mãe, e eu tô realizada em ser só tia por enquanto. Ainda  não  penso em outras situações envolvendo filhos, e eu e Dhanner estamos bem com isso. Nesses 3 anos também vi outra pessoas crescendo e amadurecendo, Dhanner, meu marido que profissionalmente tem se tornado um grande especialista em e-commerce e marketing digital. Sou uma esposa orgulhosa. Nos últimos 3 anos compramos nossa casa, reformamos e a estamos  decorando. Nossa família cresceu, Dinah ganhou um irmão, nosso Oliver. Não me importo mais com cobranças do mercado de trabalho, das pessoas, do mundo. Me lanço em tudo que eu acho que vale a pena. Tenho uma vida flexível e um milhão de projetos, alguns já iniciados. Perdi “amigos” porque não sou mais a pessoa legal que só posta coisas bonitinhas e deixa de falar o que pensa. Porque parei de sair com frequência, por falta de grana ou porque estava com muitas tarefas. Mas ganhei outros amigos, que estão em sintonia comigo. Que me amam pelo que sou. Com isso aprendi que amigo de verdade a gente tem poucos mesmo, minha opinião.

Há tanto para se fazer, me percebo hoje como uma parte ativa da sociedade, minha vida não tá separada da do restante, preciso me movimentar pra ajudar o mundo a girar da melhor forma possível. Por isso me posiciono politicamente, por isso não quero parar de estudar, de me manisfestar. Não faço muito, eu sei, mas minha intenção é evoluir sempre. Enfim, minhas ideias evoluíram, acredito eu, mas sei que não o bastante, nunca o será na verdade, mas o importante é não parar.

Os 20 e poucos foram outra fase, a vivi bem também. Graduação, namoro, morar sozinha, morar em república, primeiro emprego. Mas com 30 estou mais segura de mim, o que é natural né? A vida vai passando e vamos aprendendo com ela. A questão é que me prefiro agora. Meus gostos, minha mente, minha vida. Os 30 não são os novos 20, são simplesmente melhores que a década anterior.

trinta e poucos


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